Conheci o Gus nas labirínticas baias da IBM em Hortolândia, apresentado por uma colega de trabalho. Desde lá a literatura estreitou nossos laços de amizade.
Seu trabalho como escritor em “Estranhamente Bem” é muito bom. Talvez seja uma contradição mas a narrativa é simples em sua complexidade, a qual torna a leitura prazerosa e ao mesmo tempo muito crítica. A profundidade com que os personagens são apresentados é excelente. A história é muito simples e aí repousa a beleza literária do livro. As situações vividas pelos personagens são comuns e nos carrega livremente à identificação direta, algo como Caraca aconteceu isto comigo! ou Me sinto assim também.
“Estrahamente Bem” é um livro que proporciona momentos de descontração com situações engraçadas e ponderativas. Não querendo parecer uma resenha escrevo um pouco sobre cada capítulo.
I - Confuso Ainda um Pouco
Interessante a maneira como o protagonista expõem seus conflitos internos e traumas. Texto muito bem trabalhado com humor na dose certa. De uma maneira geral cada aspecto de divagação e pseudo filosofia do personagem se fazem presentes na vida de cada um, de uma maneira ou outra.
II - Mareska
Neste capítulo do livro há várias divagações do personagem, sendo algumas engraçadas e outras um pouco cansativas, mas até ele próprio reconhece isto ao dizer: Nossa, viajei agora! As lembranças e ponderações se tornam mais profundas. Gostei da maneira como o pré-julgamento que nós leitores com certeza faremos de Mareska e Paulo é revertido nos dois últimos parágrafos.
III - Paredão Verde
Aparentemente o personagem principal começa a colocar as idéias no lugar, mas ainda parece estar meio “avoado”, podendo ser algo inerente à sua própria personalidade. Neste capítulo o autor aprofunda um pouco mais a maneira como Paulo se relaciona com as mulheres. Na primeira parte creio que cada homem se identificará muito com a mania de shopping das mulheres. Muito engraçado. Sempre menciono ao dar minha opinião sobre literatura sexual, que paro a leitura pois além de não gostar deste tipo de leitura é algo contra meus princípios. Aqui a maneira como é mostrado este tipo de relação se tornou algo não vulgar.
IV - Blumenau
Aqui nosso protagonista se coloca no que posso denominar como aventura. A mensagem é bem explicita, mas a meu ver também esconde outra.
V - Golfinhos
Lendo esta parte do livro, fico a pensar que cada um precisa um dia ter seu retiro para se analisar. Aproveitar (no bom sentido) ao máximo cada pessoa que conhece e aprender com elas, e, talvez o mais importante, deixar seu legado com elas.
VI - De Volta ao Lar?
Aqui é nos apresentado um pouco mais profundamente o Paulo. Sua bondade ingênua o torna extremamente idiota? Ou devemos pensar que aprendeu algo desde sua última aventura?
VII - Vida de Cinema
Apesar de ser um pouco forçada, esta situação foi muito engraçada.
VIII - Bardo!
Adorei esta sequência da história, creio que foi a mais divertida. A passagem do “samba em Braile” foi demias. Aqui ficamos torcendo pro sucesso do protagonista
IX - Sonhos Demais
Pode-se dizer revoltante e deprimente esta situação, mas que todos nós estamos sujeitos. Aqui ficou bem claro que o que importa não é o que nos acontece, mas nossa reação e decisão do que fazer após o acontecido, seja este algo ruim ou bom.
X - Quinze Anos
Aqui novos momentos de reflexões. Eu particularmente me identifiquei muito pois parece que depois de um momento na vida esta passa de dez em dez anos, e se não tomarmos cuidado esta passará e não a aproveitamos como deveríamos.
XI - Triângulo Rancoroso
Hilária a situação em que o “coitado” acaba se colocando, e mais uma vez a bondade ultrapassa a fronteira da idiotice.
XII - Uma Solução Barata
Fico a ponderar se o amor alcança um grau tão grande a ponto de permanecer no terreno da estupidez. Gostei da nova personagem que mesmo com esta rápida aparição, ajuda nosso protagonista, dando para isto a própria vida.
XIII - Só os Ossos
Finalmente vemos algo começar a dar certo na vida do Paulo, e mesmo assim continua atolado no terreno da paixão, patinando em esperanças não compensadoras. Neste trecho do livro adorei a figura do “Maveco”, e concordo com o autor pois macho que é macho mesmo não morre de paixão por um destes?
XIV - Trinteidez
Novamente as reflexões, mas desta vez levada pelo fator tempo.
XV - Cada Coisa em Seu Lugar
Mesmo com os motivos errados, a decisão de voltar (se é que saiu de lá) ao terreno lamacento abre portas para nosso protagonista, inclusive para um caminho que leva a uma porta muito especial.
XVI - A Última Vez
É um capítulo muito rico na maneira como foi escrito. Aqui fica explícito o lado poético musical do autor, visto o mesmo ser músico e compositor.
XVII - Brado Heróico Retumbante
Enfim o tão sucesso esperado, tanto pelo Paulo assim como pelos leitores. A “zueira” dos amigos se referindo à cortadora de cana foi o máximo.
XVIII - A Vingança de Abel
Final marcante para não dizer emocionante.
XIX - Prólogo
O jogo de palavras (que na realidde é só uma) com o título é perfeito para o desfecho da história. Muito criativo.
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