A biografia por Hoffman é precisa e imparcial, ainda mais sendo escrita por um americano. O livro é fantástico e para mim, sendo um admirador e fã de Santos-Dumont, se tornou uma fonte fantástica sobre nosso herói.
Descobri muitas curiosidades sobre Petit Santos (o pequeno Santos, devido à sua estatura), como era carinhosamente conhecido na França. Ele era constantemente assediado pelas moças, principalmente às da alta-sociedade. Foi um dos primeiros a possuir um automóvel a gasolina na Europa e o primeiro a ter um carro destes na América do Sul. Foi o único, mesmo até o presente, que tinha a liberdade de ir a qualquer lugar com sua aeronave; saía de casa com seu dirigível até o centro de Paris, onde o deixava "estacionado" em frente à um restaurante (amarava a rédea à um poste enquanto seu invento ficava flutuando); entrava, jantava e voltava voando para casa. Oferecia jantares nas alturas, onde as mesas e cadeiras estavam a uma altura de cinco a seis metros do solo. Poderia citar mais uma variedade incrível de situações.
Ele era corajoso ao voar nas engenhocas que criava.
Talvez todos queiram saber qual a opinião do autor sobre a polêmica Santos-Dumont e os Wright. Como disse no início Hoffman é muito profissional em sua imparcialidade, mas creio que ele dá os méritos à Dumont. Contando a experiência que teve ao visitar um pequeno museu numa academia da Força Aérea Brasileira no campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, para ver o coração de Santos-Dumont, ele termina o livro citando as palavras do soldado que lhe mostrou a esfera onde repousa o órgão embalsamado do Pai da Aviação:
"Diga-me", indagou ele em posição de descanso, "por que as pessoas de seu país insistem em que os irmãos Wright foram os pioneiros a voar? Ninguém os viu naquela maldita praia. Sem testemunhas, qualquer um pode reinvidicar qualquer coisa. Todos em Paris viram Santos-Dumont voar. Por que o mundo se esquece dele? E de sua mensagem de que o avião não deveria ser usado para destruição? Quantas vidas teriam sido salvas?" Ele fez uma pausa e olhou para o chão. "Se tivéssemos atentado para a sua mensagem, não haveria necessidade de uma Força Aérea Brasileira, e eu estaria em outro ramo de trabalho." O soldado secou os olhos. "É sua missão", disse ele, "contar ao mundo sobre Santos-Dumont. Faço isso pela glória do Brasil"!Excelente livro. Seria uma obrigação, a meu ver, todos os brasileiros conhecerem melhor sobre este pequeno grande homem.
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