Nevermore – Contos Inspirados em Edgar Allan Poe, é uma homenagem ao mestre do horror, gênio da literatura que morreu precocemente sem conhecer completamente a felicidade. Poe teve uma vida difícil, tanto amorosa como financeira, pois foi um dos primeiros escritores que tentou viver somente da escrita, mas que jamais deixou de acreditar em seu talento.
Segue abaixo um trecho do meu conto:
A Máquina de Costura
por Marcelo Bighetti
Ao iniciar este
relato, onde minha mão trêmula torna minha caligrafia extremamente ruim, meus
pensamentos são levados até aqueles que, porventura, lerão estas palavras. Fico
imaginando quais serão suas conclusões e, principalmente, julgamentos sobre
minha pessoa. Não que me importe com a opinião alheia, mas temo não conseguir
transmitir a realidade sobre os estranhos acontecimentos. Pensando bem, acho
que me importo sim sobre o que pensam deste pobre ser que escreve. Quando digo pobre, não é no sentido de autocomiseração,
mas na minha incapacidade de poder reagir.
Escrevo como um
alerta. Na realidade nem sei ao certo, mas não tendo certeza do que irá me
acontecer após o que pretendo fazer hoje, achei prudente deixar registrado tudo
o que tem me ocorrido nos últimos meses. A dúvida que me assolava, sobre minha
sanidade mental, se dissipou depois do que vi no espelho esta manhã. Preciso
escrever rápido antes que o tremor de minhas mãos aumente e não consiga segurar
a caneta, mas principalmente antes que ela
acorde.
Sim, é sobre ela que farei meu relato. Ela que tem sido o motivo de minha
irritação constante. Ela que fez com
que as dores no meu estômago aumentassem muito, e a dolorosa sensação de
ardência subisse até minha garganta, passando pelos pulmões, tirando-me o
fôlego em muitas ocasiões, onde o ar parecia não existir mais a meu redor. Ela que fez com que meu corpo reagisse
de tal forma ao nervosismo que uma doença de pele despontou em várias partes do
meu corpo. Ela que tem sido a
personagem principal dos meus pesadelos, ou pelo menos a causadora deles. E
sabe qual a pior parte em toda esta história, caro leitor? Pode até parecer
cômico e insano, mas ela
aparentemente não tem culpa de nada. Digo nenhuma culpa pelo menos até esta
manhã, pois o que ela me fez (sim,
com certeza foi ela) não há palavras
que possam descrever tamanha atitude hedionda. Tento afastar pensamentos que a
absolvam deste ato malévolo, pois desta forma eu mesmo seria o culpado, e tenho
quase certeza de que foi ela. Será
que fui eu? Claro que não. Perceberam? Esta dúvida torna minha sanidade
questionável.
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